quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Woody Allen e o pessimismo que nos faz seguir em frente

Bem, como já disse no "lançamento da angústia", passo, atualmente por uma profunda crise no processo de desconstrução do marxismo sem querer perder a esperança de poder fazer um mundo melhor... Afinal, como ser um crítico, como se compadecer do sofrimento alheio e como fazer algo para extinguí-lo em tempos de pós modernidade?
E eu sei que esta crise existencial parece ridícula... absurdamente ridícula...!
Milhões de explicações e teorias me vêem a cabeça a cada vez que eu me coloco na tarefa de tentar resolver o meu problema, que eu tento travestir de um academicismo cult e capaz de participar das rodas de discussão mais invejadas por qualquer stablishment cultural do mundo, mas no fundo é só um problema freudiano...
Eu não quero mudar o mundo a partir da minha auto imagem. Acho que ela estragaria o jantar de muita gente, e talvez isso torne a fome do mundo um problema ainda maior. Aliás, esta conclusão eu devo a Bauman e à idéia de "conseqüências imprevistas", crucial para entender a crise da modernidade e a falência de seus projetos. Mas a idéia de não poder fazer nada... O problema é que eu nem sequer sei explicar porque é que isso me incomoda tanto. Eu sempre fui extremamente sedentário!


Aliás talvez tudo se resuma a isto. Minha dificuldade em desconstruir Marx, para reconstruí-lo a partir do discurso da complexidade do mundo, da reconceituação da techne, tudo isto não passa de um conflito entre a repressão à minha imagem vista do espelho e à minha pulsão ao sedentarismo e a morbidez da preguiça... ah a preguiça!
A minha indagação, bem como o fato de eu expô-la em um blogg, é tão pifiamente engraçada quanto aquelas dentaduras à corda, norte americanas, que pulam batendo os dentes de um lado para o outro. E a minha expressão facial diante da minha própria crise existencial profunda é a mesma de quem se depara com um brinquedo destes... Em resumo: sinto desprezo e vergonha da minha própria crise (sem falar que ela só me faz perder o tempo que já não seria usado para grandes coisas mesmo). E além de tudo, meu psicanalista exige que eu fale (e pague por isto).
Como passar por esta crise sem acabar definhando? A que se agarrar para continuar seguindo a diante?
A resposta, definitivamente, é deixar provisoriamente de lado Marx, Galimberti, Bauman, Corbisier, Giddens, Zizek e Lenin. Acho que há uma infinidade de possibilidades não exploradas na frase que Leonard Zellig ouviu de seu pai na ocasião em que este morreu em seus braços: "A vida é um pesadelo longo e sem sentido. E se há um conselho que eu possa te dar é: seja econômico!"
Até o fim do processo, fico com a lição de respeito e bom humor que a frase exprime.

sábado, 8 de dezembro de 2007

O lançamento da angústia.

A foto explica bem.
Após séculos de tentativas fracassadas de tentar transformar o mundo num lugar melhor... o reconhecimento, por parte das novas gerações, de que o futuro já não é mais uma promessa, como diria Umberto Galimberti, não nos faz sentir assim? Como que de mãos atadas em decorrência da nossa própria brincadeira. Brincadeira de ser Deus, ter a verdade, dominar a natureza (inclusive a humana)
Para alguém que teve uma formação socialista de berço, o reconhecimento da modernidade como o esgotamento das utopias uniformizantes, embora possa ao honrar a tradição utópica que Marx nos legou, nos faz reconhecer nele um projeto que como todos os outros estão fadados ao fracasso...
Talvez seja essa a minha angústia... a de ter que romper, repentinamente com um grande pai e, a partir daí, reconstruí-lo sem saber que pedaços se perderão neste processo.
Bem vindos ao meu Eventuário.