segunda-feira, 12 de abril de 2010

Com Plínio de Cabeça Fria e Coração Quente (ou: Iluministas no método e Jacobinos na Esperança)

Zizek falou em como a queda do muro de Berlim representou, quando todos achavam que estavam diante do "fim das utopias", A Grande Utopia: a utopia do neo-liberalismo, a utopia da "fórmula" capitalista e democrática, nomeada por Francis Fukuyama como "O Fim da História".

Neste período o capitalismo "entra em férias": Entra em férias porque, de bermudão e óculos escuros, sai livre pelo mundo para gozar plenamente de seus imperativos de expansão e acumulação sem a resistência da esquerda, ainda aturdida pelo trauma da queda do muro, pelo colapso dos regimes socialistas do leste europeu. Em meio a esta desorientação, a esquerda se tornou, ela própria, fukuyamista.

No Brasil, o fim da história aconteceu com uma especificidade peculiar: foi a ascenção do PT ao governo. Ao contrário da expectativa (de alguns), o governo Lula não representou (como prometera em 2002 quando disse que sua prioridade número 1 era a reforma agrária!) as transformações e reformas burguesas de base que permitiriam a articulação mais ampla da esquerda militante, dos movimentos extra-parlamentares, que fariam o trabalho em conjunto com um governo à frente do parlamento burguês/contra o parlamento burguês. Do contrário, o Partido Termidoriano, jogando no lixo toda a brilhante militância (de alguns) de seus membros, estagnou o embate político eleitoral numa oposição à là Pepsi X Coca-Cola, a oposição PSDB (Pepsi) X PT (Coca-cola), importando o modelo democrático americano de duas direitas e instaurando de uma só vez um clima de Medo e Cinismo: os que votam no Partido Termidoriano votam ou por medo (de que o tucanato volte ao poder) ou por cinismo (reproduzido no predicado fetichista "eu sei bem que o PT não é mais de esquerda, que não tem mais compromisso efetivo nenhum com os movimentos sociais, mas mesmo assim..."). O "ser social petista" (como diz meu amigo Choinski) é covarde ou cínico.

Diante disso, festejamos a candidatura de Plínio Sampaio que, esperamos, é um primeiro passo para a reorganização e reaglutinação da esquerda (da verdadeira, aquela que não se acovarda e não se mantém dúbia quanto a seus princípios) que ainda resta neste país, aquela que se mantém, como disse o próprio Plínio, com a "cabeça fria e o coração quente!" - pois é Iluminista na metodologia e Jacobina na esperança!





Um comentário:

Yuri Campagnaro disse...

cara, muito boa essa sacada Zizekiana de que as pessoas votam no PT pela ideologia do "fazer", sabem dos problemas do PT, mas agem como se não soubessem - não sabem que sabem.

abraços