segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Mediação Ontológica.

É incrível como pequenos acontecimentos dão uma mudada ontológica no mundo.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A brief resume for the comming-pandemonium!

Aqui vai uma tradução de um dos meus posts antigos para o inglês. [Here is a translation of one of my elder posts to english].

Tose are strange times!
Hugo Chávez has published in Cubadebate website an article with a breif resume of the latest most relevant events of the latin-american politics, whose denouement was the "installing" of new US military basis in Colombia. Chavez's incisive question was "who USA and president Uribe want to cheat by saying that Colombia's military basis do not represent a threat to Venezuela?".

Some years ago this question could be read as an exagerate egotism of Chavez's. But what about now, after Honduras? What every critical thought about the gorrilla-dictatorship in Honduras has to keep in mind is that the coup d'etat was not a plot hiddenly guided by bad men thirsty for blood! Things are pretty much as they appear: Obama is a nice guy! He smoked weed (and inhaled it!) with friends in university. His intentions are really the best possible and, certainly: better him than Bush. That is not the question.

The splits of the ongoing capitalist crisis, which has been happening since the seventies, when capitalism has reached its material limits of market expansion, when it has definitively consolidated itself on the entire globe cannot occur without oppening up a great fissure in democracy, its ideology par excelence!

Zizek, for example, in a lecture about his latest book written togeather with John Milbank (The monstrosity of Christ), by the way one of the best works of revolutionary philosophy of our time, talks about the process in which the US government and the FED decided for the emission of some 'x'illions of dollars to the financial system of United States. Whoever was accompaining this process since the 15th of september of the last year remembers: the decision for the emission of this irrepresentable amount of money was, in principle, vetoed by the yankee congress. As Zizek says, the message was quite clear: "We do not have time to play this democracy game right now! It has to be done, and that's all!"

It is this and only this that we are watching in Honduras: "we do not have time to interveine in the name of democracy in a country that has only, so far, exported bananas (by the 'help' of american multinational fruit companies, of course!)! We need to save GM and Co. firs!". (As Immanuel Wallerstein has said, Honduras lies amongst the latest priorities of the White House). Of course the small detail is that the "democracy war" on Iraq is still going. Everybody new USA did not really invade Iraq for the sake of democracy, against Saddam dictatorship (that guy who was publicly executed on youtube)... But ok! This was said, nobody could effectively protest aginst the invasion, United Nations proved itself, for the despair of the most honest liberals, totally unusefull, etc.

But now we are getting much more conscious that the real thing is Capital's global circulation and expansion, really! What does it mean, therefore, to install the military basis closed (or glued!) to Venezuela, the first of the latin-american countries to adopt an openly anti-capitalist and anti-imperialist politics after the continent "redemocratization"? Now that it doesn't matter, for Capital, to legitimize itself under the flag of democracy or any other reactionary dictatorship, only Lula can believe in a mere statement of president Uribe (Colombia) which "guarantees" that the basis will not act outside Colombia's territory. (Detail: we are talking here about dozens or hundreds of fighting planes that could make it from the source of the Amazon river to the Atlantic Ocean in twenty minutes or so.)

Besides, as i have already said in one of the latest posts, american left-wing wants desperately to see Obama's death! Now that Democracy versus Totalitarianism is a false opposition even to the Capital, that is to say, it shows itself as a false option not only to the marxist-hegelians most aware of the dialetical method, but even to the economic system, "Democracy, Human Rihts, Dictatorship, Military Men in power... It doesn't matter!" What would it represent, then, the murder of Obama? Certainly, he would not be murdered merely for the caprice of "intolerant racists from Tennessee". The right-wing would never loose any opportunity to take an even worse-than-Bush texan to power. An open coup d'etat in USA...

The best that could happen is Obama's renounce of his presidency with the condition that someone much worse would took over his place. Of course, "best" for Obama: after all, this attitude would give the appearence of legitimacy to this "power transition".

Recapitulating: Democracy cannot stand still by its own legs. Military dictatorship and a resilient position by one side and war on Iraq for the sake of Democracy by the other. The installing of military basis in Colombia glued to the most significant country in terms of political resistence agains imperialism and the Capital in Latin America. The possibility of an (explicit) ULTRA-conservative coup d'etat USA... The situation indicates, definitely, not a "much too good and safe" future, especially considering that this crisis is irrevirsible (because structural) and that the emergency state proclaimed by Giorgio Agamben has ironically started to manifest itself in Italy with Mr Silvio Berlusconi a mixture of a fascist with a comedy-movie-Mafioso: an amalgam between Mussolini and Danny DeVito.

Its better for us to think about Lula's roll in all this: while Bush was pulling the strings of imperialist geo-politics, Lula used to serve as a mediator between the confederate preisdent and Hugo Chávez. Now that we have Obama (who, i repeat, is a nice guy!) it seems that Lula is doing overtime in latin-american geo-political scenary. What about thinking on seizing the power once and for all and make the aliance that has already being formed between Chávez, Morales and Correa grow?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Marina Silva para a política brasileira: um super-trunfo para o Capital Global?

Saiu hoje, na folha, várias notas sobre a saída de Marina Silva do PT. E parece que já começam a emergir agitações a respeito do que sua possível eleição, ou apenas sua candidatura, representariam para a política nacional.


Acredito que haja um certo consenso na esquerda a respeito do que a política governamental do PT representou para as lutas emancipatórias de esquerda no Brasil. Um grande amigo de Porto Alegre chegou até mesmo a levantar a hipótese de este fracasso estar vinculado às origens "trabalhistas" do PT que impossibilitariam-lhe de pensar as políticas emancipatórias que não estivessem diretamente ligadas com o trabalhismo, como as ecológicas, feministas ou, como é o caso de sua mais sincera angústia como criminólogo, da qual partilho, a questão do vagabundo, do criminoso. E que talvez, a candidatura de Marina Silva poderia ter sua importância precisamente pelo fato de ela representar a luta ecológica, vinculada a outras formas de lutas daquilo que meu amigo Moisés chamou de esquerda não-trabalhista.


Partindo de pressupostos políticos diferentes, gostaria de levantar a hipótese de que o fracasso do PT se dá pelo fato de não assumir até o fim as consequências de se declarar "trabalhista" e que, neste sentido a candidatura de Marina Silva, sua própria figura política, não representa grande avanço no momento de crise em que vivemos.


O grande problema de assumir a democracia como horizonte último das lutas políticas é justamente a impossibilidade de metaforizar as reinvindicações, de guardar no reclame político uma certa "transcendência" que revele um sentido de justiça maior, para além das coordenadas políticas vigentes e contra elas que determinam o significado real, pragmático, de justiça. Uma reinvindicação "trabalhista" como "redução das jornadas de trabalho" tem sua eficácia limitada, é claro, mas isto apenas se não lemos na mensagem um ideal de justiça maior, que reinvindique a própria forma pela qual a justiça é concebida politicamente. Caso contrário, não temos uma luta pela emancipação universal do homem, mas apenas a reinvindicação de direitos da classe trabalhadora por parte do sistema econômico e político vigente.


É claro que isto se aplica a absolutamente qualquer reinvindicação política. E não é este o principal problema das passeatas e protestos pela legalização da maconha? O que isto significa? Simplesmente a indignação de pessoas que gostariam de comprar maconha em qualquer farmácia, ou há aí um ideal de justiça implícito? Me parece que o que temos é a primeira opção, uma reinvindicação "não-metaforizada" e isto é mais fácil de perceber se perguntarmos, como criminólogos, o que seria feito com as pessoas que atualmente vivem do tráfico. O comércio da droga seria realizado por grandes empresas farmacêuticas, drogarias, etc, ou por aqueles que atualmente chamamos de traficantes? Não colocar esta discussão significa jogar mais gente (armada) na miséria absoluta, desprovidos da única forma de trabalho que lhe foi disponível até então.


A democracia, sobretudo em sua forma ocidental multiculturalista, favorece a políticas desmetaforizadas, políticas específicas ecológicas, feministas, étnicas, sexuais, etc, cada uma com uma agenda política diferente, mas que têm em comum o fato de que a democracia é a única forma de traduzir estas reinvindicações, não havendo um ponto em comum entre estas lutas que represente um ideal de justiça e política resistente à democracia e à dinâmica universal concreta do Capital Global. (Uma conseqüência deste efeito ideológico são os levantes de Paris em 2005: neste contexto, a única forma de "explodir" quando a experiência de justiça é insuportável, através de atos violentos que não reinvindicam absolutamente nada! É violência pela violência, ou, linguagem pela linguagem). Por isto a esquerda se enfraquece: o "trabalhismo" de Marx não significava apenas uma melhora para a condição dos trabalhadores tampouco significa ele um movimento político em detrimento daqueles que não estão incluídos no processo produtivo. O proletário, marxista, não é somente o operário, mas aqueles que são destituídos de suas próprias subjetividades se tornando cada vez menos sujeitos. O que temos portanto é uma metáfora para um ideal de justiça que transcenda a lógica dominante da política e da economia encontrando seu único ponto de antagonismo irreconciliável: a contradição capital-trabalho. Isto quer dizer que a contradição capital-trabalho corta todas as diferenças específicas e todas as lutas específicas. Não se confunde diretamente com elas, mas as sobredetermina. Em suma: o "trabalhismo" de Marx, não é simplesmente trabalhismo, mas Comunismo. Tudo o que o "trabalhismo" petista não é, e não será jamais.

É exatamente esta falta de Causa comum e de metaforização das reinvindicações políticas que leva Zizek a afirmar em Elogio da Intolerância que entre a direita reacionária e intolerante e o multiculturalismo liberal-democrata e tolerante, não existe diferença real. Não que ambos sejam simplesmente a mesma coisa, mas a lógica de compromisso com a ideologia é a mesma, vista de pontos diferentes. Por essa lógica compartilhada é que é possível amálgamas entre multiculturalistas e reacionários, como é o caso do polítco holndês Pim Fortuyn que como diz Zizek, era "um populista de direita cujas características pessoais e (grande parte das) opiniões eram quase todas politicamente corretas: era gay, mantinha boas relações pessoais com muitos imigrantes,um senso inato para a ironia, e assim por diante - em resumo, era um bom liberal, tolerante com relação a tudo, menos a sua atitude política básica".

E não é uma figura muito similar que temos com Marina Silva? Duas coisas me deixaram bastante intrigados com a forma como se anunciou a possibilidade de sua candidatura: em primeiro lugar, uma manchete na revista isto é, nenhum veículo de publicação muito esquerdista, falando com um certo entusiasmo na candidatura, e, hoje, um artigo da folha entitulado "Marina sai do partido e diz não ter mais ilusão". A ilusão a que se refere o título é a afirmação de Marina de que não tem mais ilusão em relação a partidos políticos, ou seja: eles não funcionam mesmo! E isto ela diz precisamente ao afirmar sua filiação ao PV. Esta não é a atitude cínica liberal caricata? Como é possível num regime partidário um político anunciar sua filiação a um novo partido ao mesmo tempo em que afirma que isto não é uma atitude sincera, de que nenhum partido, nem aquele a que se está filiando, funciona? Esta atitude não é possível somente pelo cinismo? Após esta indagação, eis que leio um artigo de Kennedy Alencar que revela a postura multiculturalista da senadora Marina Silva, ecologista fervorosa, mulher, evangélica etc, porém enfatizando a forma como esta postura multiculturalista está perfeitamente alinhada com posições conservadoras: sua posição anti-aborto, sua ligação com a igreja católica apesar de evangélica, etc. Claro que, se o modelo de conservador-multiculturalista foi Pim Fortuyn, a senadora talvez seja um pouco ou até bastante diferente. Mas no mínimo vemos a forma estranha de um multiculturalismo disposto a dialogar com as mais diversas culturas, desde que com ancoragem no conservadorismo de cada uma.

Ou seja, o que presenciamos em tempos ideológicos estranhos como os que vivemos, é uma transformação na própria forma do conservadorismo: a velha idéia de que um conservador é alguém preso a suas raízes, agarrado ao pedaço de terra em que nasceu, já é out. Hoje, o conservador é aquele que está disposto a dialogar e a transitar em diversos campos culturais, grupos políticos etc, desde que enfatize sua posição realmente conservadora: o engajamento plural da senadora Marina Silva é uma atitude neurótica obsessiva básica: engajamento, movimento, postura e pulso... para que nada mude!
Se, como já disse nos últimos posts, a tendência política a partir desta crise é um amálgama político entre democracia e totalitarismo, a senadora Marina Silva não apresenta ameaça alguma à dinâmica destrutiva do Capital Global e, de fato, não há muitas esperanças de que em termos de política democrática interna, ela realizará qualquer mudança substancial. Cada vez mais a opção de Rosa Luxembrugo, bem lembrada por István Mészáros, se faz mais clara: "Socialismo ou Barbárie". Se nem o "trabalhismo" do PT teve condições de assumir o fardo e o desafio de seu tempo histórico, que dirá a Senadora Marina Silva.


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Já é hora de pensar!

Toda sociedade é um aglomerado mais ou menos complexo de indivíduos que coordenam ações e trabalho para seu desenvolvimento na história. Essa coordenação tem de ser feita a partir de um acordo, ainda que frágil ou ainda que implícito, de objetivos. E, obviamente, se estamos falando de objetivos, falamos de algo que todos, mais ou menos de comum acordo, imaginam como possibilidade concreta de realização. A esta imaginação social dos objetivos possíveis a serem alcançados, chamamos ideologia.

Marx chegou a definir a ideologia como uma ilusão que mascara a realidade. Esta afirmativa tem sentido em relação a seu tempo histórico e não é de todo equivocada. Mas Zizek, por outro lado, a partir da psicanálise, define ideologia como uma "fantasia que estrutura a realidade". Mas o que isto quer dizer?

Existe um mecanismo em funcionamento em toda a estrutura social que determina, no campo político, aquilo que é possível e aquilo que é impossível, algo que está em funcionamento no nosso imaginário, naquilo que podemos vislumbrar como possibilidade de futuro, e que determina as ações do político. Hoje, no capitalismo tardio, não necessitamos mais acreditar fielmente na democracia, mas a democracia funciona muito melhor a partir do momento em que não necessitamos afirmar nossa crença democrática explicitamente.

Por democracia, aqui, quero dizer a pura forma do Estado Democrático de Direito, ou seja, uma organização estatal pensada pela Razão histórica burguesa baseada na divisão dos poderes, na democracia representativa/eleitoral etc. e que já não guarda nenhuma semelhança com a democracia dos gregos antigos, por exemplo, e, é claro, tampouco guarda qualquer relação com uma idéia de democracia propriamente revolucionária, aquela que Vladimir Safatle define como uma Democracia verdadeiramente popular e que só guarda sentido quando podemos violar a lei e o estado em nome de algum ideal de justiça maior (que eu poderia acrescentar, com a devida licença, justiça Revolucionária).

É importante frisar que hoje o discurso de Churchil, eminentemente cínico em relação à democracia, não é uma mera contingência, não é algo que "escapou sem querer" do discurso democrático ideológico: afirmar cinicamente que "a democracia não funciona mas é o único regime possível" faz parte do próprio funcionamento da democracia hoje! A democracia funciona muito bem enquanto ninguém acredita explicitamente nela, mas, nessa mesma descrença, todos afirmam a impossibilidade de ultrapassá-la historicamente, de imaginar uma outra forma de organização do político que possa deixar para trás, como uma dentre muitas páginas da história do homem, o capitalismo!

Dessa forma, os indivíduos, hoje, agem de forma a aceitar implicitamente os limites históricos da democracia. E esta impossibilidade de pensar algo além da democracia formal (burguesa) é precisamente o que nos impede de ultrapassar a lógica do capitalismo que, se bem teve seu breve momento de florescimento (com o estado de bem-estar social que permitiu uma leve melhora qualitativa na vida dos trabalhadores, principalmente ou sobretudo na Europa) sempre funcionou na base da exploração do trabalho e, portanto, se a vida dos trabalhadores chegou a melhorar em algum momento, esta melhora necessariamente representou um enriquecimento muito mais significativo daqueles que não trabalham: os capitalistas industriais ou financeiros, pouco importa.

Hoje vivemos uma crise do capitalismo que terá necessariamente duas consequencias: em primeiro lugar a impossibilidade de qualquer melhora na vida dos trabalhadores, a partir de agora as condições do trabalho só tendem a piorar e o índice de desemprego demonstra isto; em segundo lugar o discurso democrático será paulatinamente substituído por um discurso totalitário light, com regulações estatais no âmbito do Estado Democrático de Direito para a exclusão fascista de imigrantes e marginalizados sociais (é esta tendência que a figura de Berlusconi representa).

Como então encarar as mudanças profundas que vemos acontecendo no mundo hoje em relação à possibilidade de legitimação da democracia? O que estamos vendo é a fragmentação, a ruptura do discurso democrático em Honduras, Afeganistão, Colombia e nos próprios Estados Unidos, sem falar na recalcitrante política petista que, agora, representa mais um atraso do que um terreno seguro para a emancipação do povo brasileiro e latino-americano.

Este é o momento de repensarmos a possibilidade de tomarmos as rédeas da história novamente! E isto se dará quando conseguirmos dominar a força que nos impede de ir além da democracia e do capitalismo, para pensarmos uma sociedade que tome a máxima de Marx: "a verdadeira riqueza do homem é o tempo livre!". Tudo bem, reconhecemos o avanço histórico que representou o capitalismo em relação ao mundo medieval e antigo, mas agora, no momento em que temos a possibilidade de usar a energia nuclear para abastecer o mundo com energia por mais 100 anos, enquanto esta mesma energia é, em vez disso, disperdiçada com bombas que podem destruir o planeta por 6 vezes; Enquanto vemos as jornadas de trabalho aumentarem e a paranóia da produção just-in-time se expandir ao mesmo tempo em que o desemprego aumenta (não seria melhor reduzir as horas de trabalho e empregar a todos?); enquanto vemos a possibilidade de uma catástrofe ecológica tendo plenas condições tecnológicas de reduzir o impacto da exploração predatória da natureza por parte do homem... enquanto tudo isto ocorre a maior prova que temos é que o capitalismo é um empecilho para o desenvolvimento da tecnologia, e não sua causa!

A oportunidade histórica é única: com esta crise do capital e do discurso democrático é fundamental começarmos a nos organizar em plano global para pensarmos estratégias de vitórias socialistas em todos os cantos do mundo. Não é possível que todos nós aceitemos a possibilidade de uma destruição do mundo pela dinâmica exploratória da natureza, mas não aceitemos a possibilidade (muito mais modesta, aliás) de destruição da dinâmica bestial (para citar Che) do capitalismo de do imperialismo ianque. A história é nossa, mas as vezes ela aparece como algo autônomo, estranho, independente... por isso, perder uma oportunidade pode representar mais 100 ou 200 anos de trabalho intenso, desemprego intenso, genocídios em massa, políticas fascistas e guerras nucleares.

É hora de repetir a lição de Vandré, o Lenin da MPB: "os amores na mente, as flores no chão, a certeza na frente e a História na mão!"

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um breve resumo do pandemônio-por-vir!

São tempos estranhos!
Hugo Chávez publicou no site Cubadebate um artigo com breve resumo sobre os últimos acontecimentos mais relevantes para a política latino-americana, cujo desfecho foi a polêmica instalação das novas bases militares na Colombia. A pergunta incisiva de Chavez foi "a quem os Estados Unidos e o presidente Uribe querem enganar dizendo que as bases militares na Colômbia não representam uma ameaça à Venezuela?".

Há alguns anos a pergunta poderia ser lida como um exagerado egocentrismo de Chávez. Mas e agora, pós-Honduras? O que todo o pensamento crítico sobre a ditadura-gorila de Honduras deve ter em mente é que o golpe não foi uma "armação" guiada por baixo dos panos de homens malévolos e sedentos por sangue! As coisas são realmente como aparentam: Obama é um cara legal! Fumava maconha (e tragava!) com os amigos da universidade. Suas intenções são realmente as melhores possíveis e, de fato, melhor ele do que o Bush. A questão não é essa.

Os desdobramentos da crise estrutural do capitalismo, que vêm ocorrendo desde a década de setenta quando o capitalismo atingiu seus limites materiais de expansão de mercado, quando se consolidou definitivamente sobre todo o globo, não podem ocorrer sem deixar aberta a grande fissura da democracia, a ideologia do capitalismo por excelência!

Zizek, por exemplo, em sua palestra sobre seu último livro com John Milbank (The Monstrosity of Christ), por sinal uma das maiores obras de filosofia revolucionária do nosso tempo, comenta sobre o processo em que o governo norte-americano e o FED decidiram pela emissão de alguns porrilhões de dólares no sistema financeiro dos EUA. Quem acompanhou o processo desde o 15 de setembro do ano passado se lembra: a decisão de emissão desta quantidade irrepresentável de dinheiro foi, em princípio, vetada pelo congresso ianque. Logo em seguida, Bush, Obama e todas as figuras mais importantes da política do país se juntaram e "contornaram" a decisão do Congresso. Como Zizek afirma, a mensagem foi muito clara: "Nós não temos tempo pra brincar de democracia agora! Tem que ser feito e ponto final!".

É isto e somente isto que etamos vendo em Honduras: "nós não temos temo de intervir em nome da democracia num país que só faz exportar bananas! Precisamos salvar a GM e cia!". (como afirmou Wallerstein, Honduras está entre as últimas prioridades da Casa Branca). Claro que o pequeno detalhe é que a guerra no Iraque em nome da democracia está ocorrendo ainda. Todo mundo sabe que os EUA não invadiram o Iraque realmente em nome da democracia, contra a ditadura do Saddam (aquele que foi executado publicamente no youtube)... mas vá lá! Isto foi dito, ninguém conseguiu eficazmente protestar contra, a ONU provou, para desespero dos liberais mais honestos, que não serve pra nada, etc.

Mas agora estamos cada vez mais cientes de que o negócio é circulação e expansão do Capital mesmo! O que significam portanto as bases militares ao lado da Venezuela, o primeiro dos países latino-americanos a adotar uma postura abertamente anti-capitalista e anti-imperialista após a nossa "redemocratização"? Agora que pouco importa para o capitalismo legitimar-se sob a democracia ou sob uma ditadura reacionária qualquer, só mesmo o Lula para acreditar numa mera declaração de Uribe de garantir que as bases não agirão fora do território da Colombia. (Detalhe, estamos falando de dezenas ou centenas de caças que têm condições de ir da nascente do rio Amazonas até o oceano atlântico em vinte minutos).

Além disso, como já falei no último post, a direita americana quer ver o coro de Obama! Agora que Democracia versus Totalitarismo é uma oposição falsa até mesmo para o Capital, ou seja, ela se mostra como uma opção falsa não só para os marxistas-hegelianos mais atentos ao método dialético, mas mesmo para o o sistema econômico, "Democracia, direitos humanos, Ditadura, Militares no poder... tanto faz!". O que representaria, então, o assassinato de Obama? Com certeza ele não seria assassinado por um simples capricho de "racistas intolerantes do Tenessee". A direita não perderia jamais a oportunidade de colocar algum texano pior do que o Bush no poder. Um golpe de Estado aberto nos EUA...

Na melhor das hipóteses o Obama renunciaria ao cargo, com a condição de que alguém muito pior tomasse seu lugar. Claro que "melhor" para o Obama: afinal, tal atitude daria uma aparência de legitimidade para esta transição de poder...

Recapitulando: a Democracia não se agüenta em suas próprias pernas. Ditadura militar e postura resiliente de um lado e guerra no Iraque em nome da Democracia de outro. Instalação de bases mlitares na Colômbia ao lado do país mais significativo em termos de resistência política ao imperialismo e ao Capital na América-Latina. A possibilidade de um golpe de Estado (explícito) ULTRA-conservador nos EUA... A situação não indica, definitivamente, um futuro bom e seguro, ainda mais considerando que a crise é irreversível e que o estado de emergência previsto por Agamben, ironicamente começou a se manifestar na Itália com o Sr. Silvio Berlusconi, uma mistura de fascista com mafioso de filme de comédia: um amálgama entre Mussolini e Danny DeVito.

Acho bom pensarmos no papel do Lula: enquanto Bush puxava as cordinhas da geo-política imperialista, Lula servia como mediador entre o presidente confederado e Hugo Chávez. Agora que temos o Obama (que, repito, é um cara bacana!) parece que o Lula está fazendo hora extra no cenário geo-político latino-americano. Que tal pensarmos em tomar o poder de uma vez e crescer a aliança que já vem se formando com Evo, Chávez e Correa?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Estilistas de Direita desenham o próximo paletó de Obama! (Um golpe de Estado Republicano nos EUA?)

Vimos até agora, neste blog, duas previsões, no mínimo, pretensiosas: em primeiro lugar a notícia do possível craque do sistema financeiro global, prenunciada pelo João Batista da economia política marxista, Fernando Marcellino, e outra, talvez um pouco mais modesta, da possível passagem do presidente Obama "desta para uma melhor". (E ao contrário de John F. Kennedy, a morte de Obama pode ser facilmente imputada à KKK... não é perfeito para a direita ultra-conservadora americana (republicana)?)

Durante o breve período em que tenho acompanhado as notícias sobre honduras e a impossibilidade vindoura de sustentação do discurso democrático, o que chamei de fim do fim da história ou a negação da negação dos ataques terroristas de 11 de setembro, bem como a abertura do embargo a cuba e o mais recente conflito na Ossétia do sul, mais um país da antiga URSS que vêm se debatendo pra se enquadrar na gramática política global chamada de Democracia (burguesa) o fato é que a situação de Obama está cada vez mais insustentável.

Não vamos cair aqui no discurso de que a culpa seja, na verdade, do Bush... Creio que a culpa é o daquilo que Marx previu em seu Capital, livro 3, um processo de crise estrutural do capitalismo, de perda da representação simbólica do capitalista (um Marx que leu Lacan, quem sabe?) de reconfiguração da produção do lucro, sob o domínio do capital financeiro que nega a mediação da mercadoria para a produção de "mais dinheiro" e que, ao ser comentado há cerca de 2 anos atrás, parecia papo de maluco...

Pois bem, voltando à minha previsão, qual não foi minha surpresa quando vejo a notícia divulgada na "Daily Telegraph" do Reino Unido: "Barack Obama faces 30 death threats a day, stretching US Secret Service" [Barack Obama enfrenta 30 ameaças de morte por dia, incrementando o Serviço Secreto Americano]. Segundo a notícia do tablóide britânico, as ameaças de morte, desde que Obama tomou posse, aumentaram 400 por cento em relação à média de 3000 (sim: três mil!) ameaças por ano contra o "pseudo-presidente" George W. Bush.

Para piorar a situação do Obama (mas melhorar a qualidade das minhas profecias) dentre as ameaças de morte, o Serviço Secreto americano identificou um complô de "racistas brancos do Tenessee" que planejavam matar quase cem pessoas antes de dar o tiro definitivo em Barack Obama... e assim, o golpe de Honduras poderá acontecer também nos EUA! (Quem sabe um golpe de Estado Republicano?).

Quanto tempo demora até que os Berlusconi's subam ao poder no mundo todo?

sábado, 1 de agosto de 2009

Notas sobre o craque por vir (de Fernando Marcellino)

Post retirado do blog do Fernando Marcellino, O Mundo Dentro de um Colapso Existencial.

Um comentário de Marx sobre o craque é interessantíssima. Com o desdobramento da crise financeira, “o processo se complica tanto – com a emissão de meros papagaios, ou com negócios de mercadorias destinados apenas a fabricar letras – que pode subsistir a aparência tranqüila de negócio sólido e de retornos fáceis de dinheiro, quando há muito tempo esses retornos na realidade só se fazem mediante fraude contra prestamistas ou contra produtores. Por isso, sempre às vésperas do craque, os negócios aparentam quase solidez extrema... Os negócios vão muito bem, reina a maior prosperidade, e de repente surge a catástrofe” (idem, p. 640, 641). Desde dia 17 de julho de 2009 não se iniciou esse processo que reluz a véspera do craque?

Nos dentes
segura primavera.